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terça-feira, 13 de outubro de 2009

A Morte Sem Corpo - Parte 1


Sara, como sempre, lia em sua casa. Dessa vez, concentrava-se em "Um Corpo na Biblioteca", de Agatha Christie. Sua mãe assistia o noticiário. Foi dada a notícia de uma estranha morte. A palavra "estranha" soou como uma luz para a menina, agora com quatorze anos. Larissa Mendes, 26, fora encontrada com sinais de estrangulamento e outros ferimentos, mas o mordomo que a encontrou, assustado com a cena, fechou a porta após vê-la e, ao retornar com a polícia, o corpo havia sumido. Não havia marca nenhuma e até mesmo o sangue tinha sido limpo em cerca de vinte minutos. Embora procurassem em toda parte, não havia nada que mostrasse como o corpo teria sumido. Além de que ela morava no 14° andar do condomínio.
Aquilo tudo intrigou Sara. Havia esquecido o livro. Tinha que chegar ao local do crime e fazer sua análise. Não avisou a mãe sobre o que pretendia fazer. Por sorte ou ironia do destino, o edifício era o mesmo em que Luciana morava. O prédio estava cercado por policiais. Com muito custo, ela conseguiu convencer um dos oficiais que viera estudar com a amiga e entrou. Luciana vivia no 15° andar. Perfeito.
_ Sara? Aqui? No meio da manhã? Ou o mundo está acabando ou ela tem segundas intenções...
_ Luciana! Não vai me deixar entrar?
Luciana desconfiava da visita repentina de Sara mas deixou-a entrar. Ela foi direta:
_ Soube do assassinato no andar inferior. O que você acha?
_ Acho que não deve se meter.
_ Já me meti. Preciso entrar lá.
_ Há! Até parece que vão te deixar entrar.
_ Não vão. Por isso vim aqui. Vou entrar pela janela.
_ Sara! Ficou maluca? Se a polícia lhe pegar...
_ Não vão me pegar. Eles saem ao meio-dia para o almoço. Então eu entrarei.
_ E como?
_ Com a corda que você vai me emprestar.
_ Ah! Claro.. O QUÊ?
_ Relaxa!
À hora prevista, a perícia deixou o local e, usando a corda de Luciana, Sara desceu pela janela. Estava fechada. Com muita habilidade, forçou-a levemente até que ela cedeu. Jogou seu corpo para dentro e se desamarrou. À primeira vista, ningupem diria que houve ali um assassinato. Mas para ela a primeira impressão nunca é a que fica. Começou a observar. Nenhuma marca no chão. Nada na janela. Nem mesmo digitais. O cômodo era uma despensa. Era naturalmente iluminada. As portas dos armários estavam fechadas. Havia um balde e uma vassoura encostados em frente a uma prateleira. Usando luvas descartáveis que sempre trazia consigo em ocasiões como aquela, Sara começou a abrir os armários. Logo no primeiro, algo chamou-lhe a atenção: um pedaço de tecido vermelho, cuidadosamente dobrado. Ao pegá-lo, percebeu que ele estava úmido. Havia uma mancha de líquido, bem no centro. No segundo, um cheuqe de 5000 reais sob uma lata de molho de tomate. Ambos foram colocados em saquinhos plásticos e armazenados em sua pochete.
Quando Sara preparava-se para abrir o terceiro armário, a maçaneta foi movida. Alguém voltava antes do tempo previsto.

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