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segunda-feira, 10 de outubro de 2011

O dia em que não fechei o "a"

A escrita em letra cursiva é interessante. Não são todos que conseguem emendar uma letra à outra, sem interrupções entre elas, de maneira legível. Afinal, é muito mais fácil fazer uma reta que um círculo.
Quanto a mim, sempre gostei de escrever. Quando aprendi a desenhar a tal letra "de mão", não parei mais e a exercito para que seja sempre redondinha e bem acabada.
Mas, há alguns dias, foge-me à memória o que eu escrevia, deixei um "a" aberto, de modo que este não mais se fazia "a" e sim "ci", ou melhor, "ce", já que não havia pingo para que fosse "i" e meu "e", frequentemente, é fechadinho.
Pus-me, então, a refletir. O trabalho ficou parado e minha atenção voltou-se àquela letra silábica em meus escritos. Ou seria uma sílaba letrálica? Ou létrica? Ou letral? Não. Era letra. Letra que virou sílaba e mudou o sentido do texto. Não era mais um artigo feminino definido ou uma preposição. Era uma sílaba inexistente na escrita, mas que, quando lida, produzia plausivelmente a conjunção condicional "se".
Foi então que vi que, realmente, um milímetro muda tudo. Não era mais uma frase afirmativa, algo definido. Não. Era uma condição. A ser cumprida? Não sei... Talvez... Falta-me o contexto para afirmar. Mas a certeza tornou-se dúvida. E por causa de um milímetro - ou menos - apenas, o que era certo tornou-se incerto, talvez errado, talvez impossível. Um milímetro.
Tentei continuar a produção, mas a todo momento meus olhos voltavam-se para aquela letra falha, aquela sílaba que queria ser letra. Ou vice-versa. Será que foi a letra que quis tornar-se maior? Reproduzir-se assexuadamente por meiose-mitótica? Ou foi o papel que quis separá-la e mostrar-se no vão? Talvez fosse o lápis que quisesse sair a rabiscar por conta própria... Ou minha mão que se cansara de "as" e quisesse torná-los "ces"...
O fato é que o "a" ficou lá, aberto, a preencher de ar seu vazio interior. Seria isso? A letra estaria com calor? É realmente uma cidade quente. Então ele seria somente um "a" cansado das altas temperaturas em seu interior? É, o calor com certeza deixa-nos propensos a qualquer coisa para refrescar-nos... Até mudar-se de letra em sílaba.
Não. Não deve ser isto. Não pode ser isto. É ilógico e irracional. É pena não falarem as letras. Assim, fosse e meu dilema estaria resolvido. Mas elas falam. Falam nas palavras. Talvez ela estivesse falando comigo. Falando que ela devia ser um "se" e não um "a". Ai! Que falta me faz o contexto!

2 comentários:

  1. Que bacana seu texto.
    Como um "a" pode ter trago tanta inspiração, né?
    Certa vez meu a parecia um o, é um o parecia um a. Não entedia e que bagunça era, hoje melhorei, ufa,rs.
    Gostei do seu blog, conheça o meu? aquelahistoriana.blogspot.com

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  2. Adorei seu blog, já estou seguindo...

    Te convido para conhecer o meu também: http://www.starfashionmakeup.com.br/

    Te espero lá!

    Beijos!!!!

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